Vizinhança

"Embora imaginário, é um bairro, portanto há pessoas que podem se mudar subitamente para lá, e outras que podem sair."
Gonçalo M. Tavares

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Primeira provocação

Partindo, mais uma vez, de uma solicitação do curso, proponho uma primeira provocação para a reflexão, tendo como objeto nosso primeiro morador, o Gonçalo M. Tavares.

A partir do post sobre o escritor, do vídeo sobre a série “O bairro” já publicado e da entrevista com Tavares agora disponibilizada, vamos comentar os seguintes tópicos:

1 – A leitura no processo de escrita

2 – Diversidade e hierarquia na literatura

3 – “A escrita e a publicação não são sinônimos”.

Vejam a entrevista de Gonçalo M. Tavares produzida pela Saraiva Conteúdo.





5 comentários:

  1. Maria Elisa!
    O blog está bem original e a proposta de trabalho utilizando o vídeo, de acordo com a linha de trabalho. Gostei muito de tudo. Com certeza vou querer passear muitas vezes por esse bairro. Parabéns!

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  2. Obrigada, Marli! Você será sempre aguardada por aqui!

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  3. maria elisa,

    amei tudo

    até mesmo o comentario sarcastico do Saramago.

    continue

    voce vale a pena

    ivany

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  4. • Que as palavras cessem de ser armas, meios de ação, possibilidades de salvação. Reportar-se ao desconcerto.
    Quando escrever, não escrever, é sem importância, então a escritura muda – que ela tenha lugar ou não, é a escritura do desastre.
    (Blanchot)

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  5. Embora percebendo a riquíssima entrevista dada por Gonçalo M. Tavares e as pertinentes questões propostas para discussão, sinto-me tocada, hoje, a comentar somente - e ainda assim só um pouquinho - sobre a questão da escrita e da publicação. Afinal Gonçalo M. Tavares nos diz que nem sempre o que escrevemos deve ser publicado. Pensando nisso, acredito que o processo de escritura passa primeiramente por um processo de autoconhecimento, já que a linguagem revela, antes de tudo, o que somos e o que pensamos, mesmo que de forma manipulada, irônica, cômica... A meu ver, o constante exercício escritural é o que legitima uma posterior publicação; no entanto, vale mencionar que alguns textos devem, sim, permanecer no plano das idéias, do virtual, girando num universo labiríntico e infinito de possibilidades (um texto poderá sempre se bifurcar, se desdobrar em outros). É claro que não desconsidero a importância e a necessidade da publicação, só acho que sempre haverá alguma perda (perda de idéias ou de textos que poderiam ter sido escritos, mas que, por algum motivo, não o foram). Acho também que essa discussão põe em xeque a concepção utilitarista do ensino atual, o qual incentiva o desenvolvimento da habilidade de produção de textos voltada a uma situação real de comunicação. No entanto, podemos questionar como se trabalhar a habilidade da escrita poética ou mesmo a sensibilidade para se ler o texto literário considerando que tal estudo deve visar a uma concepção utilitarista. E não estou querendo dizer que a literatura não é útil, pois me apropriando das palavras de Italo Calvino considero que a literatura, e somente ela, pode nos ensinar “o modo de olhar o próximo e os demais, de estabelecer relações entre fatos pessoais e gerais, de atribuir valor a coisas grandes e pequenas, de considerar os limites e vícios próprios e dos outros, de encontrar as proporções da vida e o lugar que nela ocupa o amor, assim como sua força e seu ritmo, e o lugar que corresponde à morte e a forma de considerá-la”. Só acredito que o ensino não pode priorizar a escrita de outros gêneros textuais em detrimento do literário por perceber nos outros uma relação mais direta com a “realidade”, com a “utilidade”. E, é pensando em todos esses aspectos, que acredito, assim como Gonçalo M. Tavares, que a escrita deve sim ser dissociada da publicação, pois a sua importância ultrapassa o âmbito da divulgação ao contemplar um momento solitário e necessário de autoconhecimento: o escritor consigo mesmo e, ainda assim, com seus vários eus e outros, numa multiplicidade de alteridades.

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