Vizinhança

"Embora imaginário, é um bairro, portanto há pessoas que podem se mudar subitamente para lá, e outras que podem sair."
Gonçalo M. Tavares

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A chegada do primeiro morador: Gonçalo M. Tavares


     Bom, o primeiro morador do nosso bairro não poderia ser outro além do inspirador desse blog: Gonçalo M. Tavares. Tavares é um escritor português, nascido em 1970, e autor de mais de 20 obras de estilos diversificados. Destaco, aqui, a série O bairro, que traz para uma cena comum, a da vizinhança, espaço próprio aos limites e deslimites, nomes importantes da área cultural e, em especial, da literatura.
    O bairro de Tavares já conta, hoje, com nove moradores – os senhores Valéry, Henri, Brecht, Juarroz, Kraus, Calvino, Walser, Breton e Swedenborg – cujos epítetos invocam uma carga de obras e posturas teóricas, críticas e artísticas diversificadas (será que algum deles passará a habitar também esse nosso bairro literário que aqui se forma?).
     Nessa série, Tavares constrói uma narrativa que, metamorficamente, dialoga com, subverte e se apropria da crítica, da história e da teoria literárias em sua composição. Conforme o autor,
O Bairro, no seu conjunto, e quando estiver todo pronto, é um projeto enorme. Vai durar toda a minha vida. Acho que no final vai ficar algo como se fosse uma história da literatura, mas em ficção. É, se calhar, a minha forma de fazer ensaios. São personagens que, embora guardando um pouco o espírito do nome que levam – quer seja pelo tema, pela lógica de pensamento, escrita, etc. – são ficcionais, autônomas, personagens que fazem o seu caminho.
    É nesse lugar limítrofe que o autor situa vida, pensamento e literatura, tramando com todas elas uma urdidura repleta de possibilidades, em que afirma que "ler e viver são experiências de vida claramente, e experiências humanas", as quais não podem ser hierarquizadas:
Não sei por exemplo se é possível hierarquizar a experiência de fazer uma viagem importante e a experiência de ler um livro como "O homem sem qualidades", de Musil, ou "Os irmãos Karamazov", de Dostoiévsky. São coisas diferentes, mas ambas fortes.

(Veja a entrevista de onde foram retirados os trechos citados de Gonçalo Tavares em http://www2.uol.com.br/entrelivros/artigos/goncalo_m__tavares_-ler_para_ter_lucidez-.html.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário